Nascido e criado na capital do fado, é, contudo, no jazz que me revejo desde a adolescência e é com a ópera, a música sinfónica, Keith Jarrett, Bach e Caetano Veloso que me encanto e viajo para outros mundos. Continuo, ainda assim, a sentir que não há melhor música do que a criada pela natureza, tecida pelos passos do vento, o folhejar (nada como inventar palavras!) das árvores, o silêncio… e, sobretudo, o canto das aves. Uma das minhas paixões é, precisamente, observar a passarada e conhecer-lhe os hábitos. Aliás, se fosse compositor comporia um tema intitulado «O afazer dos pássaros», quem sabe se com ecos da criação de Olivier Messiaen… Depois, gosto de escrever; escrever quase tudo, desde livros (e já lá vão quase 20) a poemas e letras para canções. E gosto de observar as estrelas e as constelações longínquas, e pensar que consigo sondar o cosmos com o meu telescópio e a minha intuição. Gosto também de caminhar na natureza e de andar de bicicleta, sobretudo sob o aroma dos pinheiros. E gosto, claro, de pessoas; de comunicar com elas, conhecer-lhes as histórias, guardar-lhes as memórias ou, simplesmente, ouvi-las. Esqueci-me de mencionar, grande falha…, o prazer que me dão o chocolate e o odor dos livros novos. Enfim, há uns anos perguntaram-me o que faria se me saísse o Euromilhões… A minha resposta materializou-se e chama-se Égide – Associação Portuguesa das Artes.