O Laboratório de Ópera Portuguesa (LOP) foi criado em 2022 pela APARM - Academia Portuguesa de Artes Musicais, com conceção e curadoria de Jenny Silvestre.

Foi considerado Projeto de Utilidade Pública pelo Ministério da Cultura para o biénio 2023/2025.

Porquê a criação de um Laboratório de Ópera Portuguesa?

A Ópera constitui, por ventura, o mais completo género teatral.
Muito embora a fórmula que hoje identificamos como ópera tenha nascido em Itália, outras tradições existiam um pouco por toda a Europa, nomeadamente Portugal.
Efetivamente, quando a ópera ao estilo italiano é introduzida entre nós, durante a primeira metade do século XVIII, a tradição assentava nos denominados dramas em música, nos quais, ao invés de todo o texto ser cantado, existia uma alternância entre momentos declamados ou recitados e momentos cantados. Consistia, assim, numa forma de teatro musicado.
A grande particularidade dos dramas em música consistia no facto de serem representados em castelhano (pela influência óbvia do nosso país vizinho), ao contrário da ópera, que decorria em italiano.
A popularidade do drama musical manteve-se, percorrendo o século XIX, durante o qual, a Opereta, sucedâneo daquele, tinha um público fiel, constituído essencialmente por uma crescente elite burguesa que acorria a teatros, como o Teatro Condes, em Lisboa, para usufruir de momentos descontraídos em português.
Hoje, muitas dessas obras são-nos desconhecidas. Apesar do trabalho apurado de muitos dos nossos investigadores na recuperação de algumas das obras que se encontram em bibliotecas e outros acervos, a verdade é que a sua transposição para o palco continua a ser extremamente escassa, impossibilitando o seu conhecimento.
Por essa razão, a criação de um Laboratório de Ópera Portuguesa constituía um antigo sonho. O sonho de poder recuperar parte deste nosso património e de o aproximar do grande público. Uma recuperação historicamente informada, mas apresentada de forma desempoeirada, atual, contemporânea.

Porquê um Laboratório? 

Porque se pretende que os cantores possam experimentar a arte de representar, ainda hoje deficitária na sua formação. 
Porque se pretende dar luz à investigação musicológica e cumprir com a sua verdadeira vocação: colocar à disposição do cidadão a sua própria herança cultural.
Porque se pretende uma transformação do paradigma. A ópera encarada como uma manifestação artística própria do tempo em que é criada, refletindo as tendências, gostos e constrangimentos conjunturais, não apenas do indivíduo que a cria, como da sociedade onde se insere.
Porque nesse movimento de mudança e de aproximação do indivíduo à sua herança histórica, a música assume-se como elo de ligação entre os diferentes domínios de atividade e conhecimento humano que cada título escolhido chama a si.
Porque a Ópera, assumida em sentido lato e encarada verdadeiramente como um género teatral, deve ser fácil de entender e próxima do espectador de hoje, sem desvirtuar a sua mensagem, nem a sua linguagem.

Projetos LOP

Cortes de Júpiter
de Gil Vicente. 2022

Opereta Maria da Fonte
de Augusto Machado. 2023