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Há 30 anos que o Cistermúsica marca o calendário cultural da música clássica em Portugal, convertendo Alcobaça num local de peregrinação para os amantes da música.
Inicialmente organizado pelo Município de Alcobaça, o Festival de Música de Alcobaça afirmou-se e consolidou-se no início deste século sob a batuta da ABA – Banda de Alcobaça -Associação de Artes, e sob a direção de Rui Morais, Alexandre Delgado e, desde 2020, de André Cunha Leal.
Desde então, o festival tem permitido ao público desfrutar do Mosteiro de Alcobaça em ambientes únicos e com protagonistas memoráveis, sejam grandes orquestras, intérpretes internacionais ou jovens talentos nacionais.
Sob o lema “Um clássico para todos”, o festival tem assentado a sua programação principal na música erudita, mas apresenta também um eixo Outros Mundos, o qual cruza a música clássica com diversas expressões artísticas, além de uma programação didática denominada Júnior e Famílias.
Pelo festival têm, assim, passado nomes como: Orquestra Metropolitana de Lisboa; Orquestra Filarmónica Portuguesa;
Orquestra de Câmara Portuguesa; Orquestra XXI; Jovem Orquestra Portuguesa; Ensemble Mediterrain; Ensemble Darcos; Quarteto Tejo; La Grande Chappelle; Accademia del Piacere; Músicos do Tejo; Real Câmara; La Nave Va; Toy Ensemble; Voces Caelestes; Cupertinos; Ars Choralis Coeln; Ensemble Vocal Aura; Grupo Vocal Olisipo; Coro Ecce; Capela Sanctae Crucis; Sete Lágrimas; Quorum Ballet; Vortice Dance Company; Artur Pizarro; Miguel Borges Coelho; Jill Lawson; Luísa Tender; Vasco Dantas Rocha; Marta Menezes; Christina Margotto; Jed Barahal; António Saiote; António Carrilho; João Barradas; Mário Laginha; John Pizzarelli; Postcard Brass Band; The Nagash Ensemble ofArmenia; Mariella Devia; Marcel Beekman; Céline Scheen; Ana Quintans; Ana Ester Neves; Carlos Guilherme; Carla Caramujo; Cátia Moreso; Cristina Branco; Ricardo Ribeiro; Sofia Escobar.
Em 2022, a Égide assumiu-se como um parceiro importante do festival não só através de apoio financeiro como pela
integração de concertos na programação do Cistermúsica.
O Festival Internacional dos Açores (FIA) regressa em 2023, novamente com o apoio da Égide, e reinventa-se. Na senda de novos rumos artísticos, projeta-se a partir de várias rotas culturais e durante a segunda quinzena de agosto aporta a diversos pontos do universo da lusofonia, tendo como mote a diáspora açoriana.
É num cruzamento dialógico, em que se evidencia o conceito de viagem e sobressaem as correspondências com os dois lados do espelho oceânico e hemisférico, que se ancora a próxima edição do FIA. Tal tema será desenvolvido através de várias referências à cultura e ao pensamento atlântico, e ainda às formas como, através dos séculos, as expressões dessa cultura viajaram e se manifestaram a partir de outras paragens.
Mais eclética, diversificada e multidisciplinar do que nunca, a edição de 2023 aposta na celebração da multiculturalidade
e do cosmopolitismo, e também na diversidade de propostas artísticas.
Para além de regressar à ilha Terceira, a São Miguel e ao Faial, estende-se ao grupo ocidental, marcando presença
na ilha das Flores. Ultrapassando formatos mais tradicionais, a programação do 18º FIA pretende explorar a contemporaneidade de registos experimentais e interartes, e novas formas de se relacionar com as comunidades açorianas e da diáspora.
O Sons com História teve a primeira edição em 2019. Na sua origem encontra-se Nuno Velez, diretor artístico e fundador
do festival, que sonhou levar ao interior do país, a Castelo de Vide, os melhores e mais jovens músicos, que de outra forma
não conseguem palcos para apresentar a sua arte.
Com foco na música erudita, o Sons com História pretende, entre outros objetivos, dar a conhecer a história musical
judaica e medieval, para o que recorre a grandes compositores dos mais diversos géneros musicais. Nesse âmbito, pelos palcos
das suas duas edições passaram já músicos como as sopranos Ana Quintans e Rita Marques, o guitarrista António Eustáquio,
a Orquestra Académica da Universidade de Lisboa ou os Alma Ensemble.
O apoio da Égide veio dar uma estabilidade e impulso fundamentais ao evento, contribuindo para que seja ainda mais
inclusivo, exigente e fulcral para a formação do gosto musical no interior do país.
O Algarve Music Series (AMS) começou em 2016 como Festival Internacional de Música de Câmara do Algarve. Foi criado
em Faro por iniciativa do violinista Eduardo Paredes Crespo e da violoncelista Isabel Vaz, tendo como objetivo preencher
uma lacuna na programação cultural desta região ao nível da música de câmara.
Entre as suas caraterísticas principais encontram-se a qualidade da interpretação, interdisciplinaridade,
personalidade, energia e divulgação de repertório menos conhecido, mas sempre da mais elevada qualidade, a componente
pedagógica, a interação cultural com a comunidade local e a promoção de talentos artísticos nacionais
e internacionais.
Em 2018, ano em que Vasco Dantas Rocha se juntou à equipa como codiretor artístico, na sequência da saída
de Eduardo Crespo, o AMS ganhou maiores proporções em termos de programação, passando também a abranger mais salas
e municípios do Algarve. Romperam-se ainda as barreiras temáticas da música de câmara, contemplando-se recitais a solo
e a participação de ensembles de maior dimensão (orquestra e coro), encetaram-se colaborações com a dança, o teatro e a
literatura, e desenvolveram-se iniciativas como as provas de vinhos.
Ao longo dos anos, têm feito parte do elenco do festival músicos como, entre muitos outros, Zoran Imsirovic e Congyu Wang (pianistas), Arno Piters (clarinetista da Orquestra do Concertgebouw), Lisa Jacobs (violinista) e os diretores artísticos do AMS. Alguns desses músicos deram masterclasses em Faro e em Loulé.
Para o futuro o festival tem como objetivo continuar a trazer artistas e programas inovadores, complementares às agendas culturais dos municípios com os quais trabalha (Faro e Loulé), assim como expandir o ciclo geográfica e temporalmente.
Além do seu generoso mecenato, a Égide contribuiu para que o Sefarad Project pudesse ter lugar no AMS 2022. Nos horizontes futuros do festival está o desejo de, com o apoio da Égide, poder trazer a ópera ao Teatro das Figuras.
Da autoria do compositor e pianista Filipe Raposo, com direção musical de Paulo Vassalo Lourenço, o Sefarad Project revisita a música sefardita, trazendo para o presente uma seleção de canções dos antigos judeus de Portugal e Espanha.
Criado na sequência de uma encomenda de Ana Proença, presidente da Égide, estreou no festival Cistermúsica, no Mosteiro de Alcobaça, em julho de 2022. Em outubro do mesmo ano, foi apresentado no Algarve Music Series.
«A música sefardita foi transmitida durante séculos através da tradição oral e não há exemplos de música escrita até ao século XIX. No entanto, pode ser provado com bastante rigor que algumas destas canções foram compostas antes do decreto de expulsão de 1492, quando os reis católicos, D. Isabel e D. Fernando, romperam com uma longa tradição de tolerância religiosa em Castela, Leão e Portugal. O édito foi publicado a 31 de março: os judeus de Castela e de Aragão eram obrigados a converter-se ao cristianismo, sob pena de serem expulsos de Espanha.
O ladino sofreu mudanças linguísticas após a expulsão dos judeus da Península Ibérica, incluindo a adição de uma quantidade considerável de vocabulário grego e turco, mudanças gramaticais e, na América Latina, uma alteração para uma versão mais latino-americana do espanhol. Quanto mais perto do castelhano medieval, mais antiga é a canção.
A música medieval judaica e árabe estão intimamente ligadas. A música sefardita desenvolveu-se no mundo árabe durante o auge do domínio muçulmano no Al-Andalus, em Córdoba, epicentro da música árabe. As escolas de música de Córdoba educaram não apenas músicos árabes, mas também músicos judeus e europeus.
A música judaica faz uso dos modos árabes, recorrendo com frequência às formas estruturais das canções árabes. Esta ligação é de grande importância para o intérprete, pois embora não existam tratados sobre a interpretação desta música, existem tratados de música árabe, contemporâneos ao auge da música ladina, onde se explica o uso de uma ornamentação extensa e pessoal, frequentemente de natureza improvisada, de acordo com o makam [um padrão melódico da música clássica otomana] em uso.
Relativamente à sua análise modal, existem modos intimamente relacionados ao makamat árabe (sistema de modos melódicos usado na música tradicional árabe) e que eram usados regularmente pelos judeus da Espanha medieval. Em termos árabes, os makamat judaicos mais comuns eram Nahawand (semelhante à escala menor natural ou menor harmónica) e Hijaz (um modo fortemente associado à música árabe e judaica, estruturado como um menor harmónico que começa no 5.º grau da escala).
A análise modal pode ajudar a confirmar a proveniência das canções».