Sílvia Sequeira

Cantora (soprano)

Das Bandas Filarmónicas para os palcos internacionais!

O meu pai é maestro, trompista e compositor, do meio das bandas filarmónicas, e desde cedo que o ouvia a estudar trompa em casa.

Aos oito anos, decidi começar a estudar música, a teoria. Ainda não sabia que instrumento queria; na verdade, queria qualquer um: flauta, fagote, tanto faz. Até que um dia experimentei a trompa. E gostei. Muito!

Aproveitei e fiz provas para o Conservatório de Música do Porto, e entrei. Durante esses anos, fiz coro. Era divertido. Cheguei a fazer um solo quando andava no coro juvenil. Já andava numa Banda Filarmónica – o meu pai era o maestro – e adorava aquilo: fazer música em conjunto, entender o que se passava nos outros instrumentos, enquanto tocava a minha parte. Fascinante!!

Quando entrei para o 5º grau, comecei a sentir que não queria continuar a tocar trompa. Não que não gostasse, mas era difícil fazer o que queria com o instrumento. Até que a minha professora de coro disse ao meu pai que se eu não quisesse continuar na trompa teria futuro no canto. Nessa altura, eu já sabia que queria continuar na música, que queria fazer disto a minha vida, mas não sabia o quê. Acabei a cantar uma peça do coro na audição de canto, com muita inocência à mistura, já que realmente eu não fazia a mínima ideia do que era isto do mundo do canto!

Os primeiros três anos de canto não foram nada fáceis. Línguas, emoções, mensagem, frases, o que é isso? Muitas lágrimas e muito trabalho acabaram por compensar. Entrei na ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo). A voz, a mente e o corpo a desenvolverem acabaram por tornar a experiência do canto mais agradável. Poder fazer duas óperas por ano letivo foi o que me fez querer mais do que nunca fazer ópera. Adoro o palco. Fizemos a produção do Così fan tutte, de Mozart, em 2016, onde desempenhei o papel de Fiordiligi. Nesse mesmo ano, participei no Concurso da Fundação Rotários Portuguesa e ganhei o prémio Wagner.

Fiz a minha primeira entrada em palcos internacionais em 2019, com a produção, em Maastricht, da ópera Zanetto, de Mascagni, onde desempenhei o papel de Sílvia. Foi lá que descobri a professora que me iria guiar durante o meu mestrado no Conservatório de Maastricht, entre 2020 e 2022, o qual terminei com nota máxima e entre os três melhores estudantes desse ano.

Em 2021, estreei a minha Micaela da ópera Carmen, de Bizet, na Alemanha, e ganhei o segundo prémio no concurso da Fundação Rotários Portuguesa. Depois,
2022 foi o ano dos concursos. Sem saber o que poderia fazer após o mestrado, decidi participar em todos os concursos que conseguisse. Ganhei o Prémio Público e o prémio Wagner no International Voice Competition (IVC), na Holanda, o prémio público e o prémio especial do Teatro Nacional de São Carlos, no Ciclo Lousada. Fui terceiro prémio no Vinceró Competition, em Nápoles, e segundo prémio, prémio público, prémio de melhor voz dramática e prémio especial no concurso Ebe Stignani, em Imola. E ganhei o concurso ARIA, na Holanda, que me levou ao meu trabalho de sonho, o Estúdio de Opera da Dutch National Opera, em Amesterdão.

Ainda hoje agradeço ter começado por tocar trompa e ter feito imensa música em conjunto antes de encontrar o canto. Ajudou-me em muitas situações e ainda hoje me ajuda.

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