Nasci em Lisboa. Em criança queria ser cientista e, mais tarde, fui estudar Física. Atualmente, além da música, dedico-me à História da Ciência.
A descoberta inesperada da música vocal aconteceu nos primeiros tempos de faculdade, durante os inúmeros ensaios e festivais com a Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico (TUIST). Com este agrupamento de música tradicional, pisei palcos por todo o país – desde o Coliseu dos Recreios ao Theatro Circo, passando pelo Gil Vicente, entre tantos outros – e no estrangeiro, nomeadamente na Alemanha, França, Estados Unidos e Espanha.
A vontade de desenvolver a técnica vocal cresceu e levou-me ao Conservatório Nacional, em Lisboa, onde estudei com Filomena Amaro. Nunca mais parei de estudar e, até hoje, seguiram-se outros mestres: Isabel Biu, Paulo Ferreira e Luís Rodrigues. Cursos e masterclasses de aperfeiçoamento foram muitos, com, entre outros, Graham Johnson, João Paulo Santos, Lúcia Lemos, Tom Krause, Susan Waters, Elisabete Matos, Fiorenza Cossotto, Christian Hilz e Roberta Mameli.
A estreia no mundo da ópera deu-se em 2011. De repente, estava a recriar um papel obscuro, num espetáculo encantador do Sintra Estúdio de Ópera, designado As Taças de Hymineu. Em março de 2012 realizava um grande sonho e cantava pela primeira vez no Teatro Nacional de São Carlos, como 1º Segurança, na estreia da ópera Banksters (Nuno Côrte-Real). Em São Carlos, fiz parte do Estúdio de Ópera (2012) e, mais tarde, cantei no Coro. Como coralista, também colaborei com o Coro Gulbenkian.
Entretanto, foram surgindo mais projetos de ópera, oratório, canção, teatro musical. Continuei a recriar papéis pouco conhecidos e raramente ouvidos: Gernando (L’isola disabitata, D. Perez); Vivaldi (Sampiero, F. X. Migone). Tive também o grato privilégio de interpretar vários papéis de repertório: Don Ottavio (Don Giovanni, Mozart), Alfredo (La traviata, Verdi), Tony (West Side Story, Bernstein). No teatro musical, tive a enorme felicidade de cantar o meu papel de eleição – Phantom (The Phantom of the Opera, Lloyd Weber) – na sua estreia integral em Portugal. Em concerto, cantei outras obras emblemáticas como Magnificat, de J. S. Bach, Messiah, de Händel, Requiem, de Mozart, Vésperas (op. 37), de Rachmaninov, a Misa Criolla, de A. Ramirez, e a Sinfonia nº 9, de Beethoven. Fora de Portugal, atuei na “Verdi 200 Gala” (no Festival Junger Künstler, Bayreuth, Alemanha), e no Brighton Early Music Festival (Inglaterra).
Percorri sempre o meu caminho musical com paixão e versatilidade, por isso nunca deixei a música tradicional de lado. Com dois amigos, excelentes músicos, criei o Projeto Alba, com o objetivo de unir o canto lírico e a guitarra portuguesa. Com este grupo, atuámos por Portugal, em Espanha e no Brasil. Com outros artistas, cocriei o espetáculo Fado & Ópera. Recentemente, juntei-me ao agrupamento “Mariachi Sol de Lisboa” e tenho vindo a aprender cada vez mais sobre a fascinante música tradicional latino-americana. Em 2022, cocriei e interpretei o espetáculo Pasión Latina, onde várias sonoridades tradicionais latino-americanas se juntaram à zarzuela.
A música faz-me mais sentido quando é partilhada. Com o público, obrigatoriamente. E com os inúmeros e fabulosos colegas, maestros, encenadores e orquestras, amadores e profissionais, a quem devo, e agradeço, o tanto que tenho aprendido.